quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

DONA BARATINHA QUER CASAR



Dona Baratinha
pôs na porta da casinha
onde morava tão sozinha
uma placa bonitinha,
um aviso colorido:
“Precisa-se de um marido.”

Pôs-se na frente do espelho,
deu um trato no verniz
e passou um batom vermelho
fez um ar de bem feliz.

Pôs perfume, pó de arroz
e depois, bem maquiada
e julgando-se a mais bela,
muito bem paramentada
debruçou-se na janela
esperando o resultado.

Nisto surge o Gafanhoto,
um funkeiro saltitante,
mas um Grilo bem maroto,
pagodeiro interessante
muito bem intencionado,
muito doido pra casar,
um pagode incrementado
começou logo a cantar:

“Baratinha, Baratinha,
me escolha por favor,
vou encher esta casinha
de ternura e muito amor”

O Gafanhoto ultrajado
ficou muito aborrecido
pois era mudo o coitado;
queria ser o marido
e aquele Grilo abusado
fora demais atrevido.


Baratinha não gostou
daquela situação.
Decerto o Grilo abusou
e o Gafanhoto, um bobão,
no fim das contas chorou.
“Ai meu Deus, que confusão!”

Zangada mais que ninguém
trancou portas e janelas.
“Há males que vem pra bem.
Todos os dois, tão magricelas,
aposto, em casa não tem
nem comida nas panelas.”

E pra findar a questão,
dar um fim na picuinha,
Dona Baratinha, coitadinha,
muito da estressadinha
arranjou a solução:

Pôs na porta da casinha
outra placa bonitinha:
“Marido é complicação,
prefiro ficar sozinha!
Assinado, Baratinha.”