E agora seu moço
que você já
chegou
lá no fundo do
poço
no finzinho da
estrada?
Mas que fundo que
nada:
o fundo é mais
fundo,
a dor é mais
forte.
Tem gosto, tem
cheiro
tempero da
morte.
Você pensa que é
o fundo,
e ainda que
fosse...
Faz de conta
que tudo na vida
acabou-se
não há sol, não
há céu,
não há mais
horizonte.
Não há brilho
nos olhos
nem água na
fonte
nada mais pra
buscar,
nada mais pra
cair.
E daí? E daí?
Serve o fundo de
base
pra gente subir.
Serve o fundo de
apoio
e o impulso há
de vir;
vez em quando é
preciso
de um tombo
lição.
Serve o fundo de
estágio
para reflexão.
Você vai cabisbaixo
distante, sem
fala.
Você vai se
arrastando
no bloco da vida.
Convida a
alegria
pra dar uma pala,
convida a
esperança
para vir
colorida,
dispensa essa
angústia
demais
caprichosa,
e diz ao
otimismo
para vir, sem
cuidado.
Convida a
ternura
para um dedo de prosa
e avisa a
tristeza
“ingresso
esgotado!”
Mas levanta esse
astral.
Quando a vida da
gente
se torna
indecisa
é que a gente
precisa
fazer carnaval.
E lutar, e
vencer,
e provar
que é gigante.
Se é preciso
crescer,
que se cresça o
bastante
pra trazer as
estrelas
na palma da mão,
a cabeça no céu
e os pés firmes
no chão.
É possível, seu
moço,
basta revolução.
Se já deu pra
saber
tua estrela
caída,
a receita pra
vida
é determinação.