segunda-feira, 28 de março de 2011

O Trem da Vida

Braços, pernas,
cabeça, coração,
eu sou João
E não me assusto
com essa coisa
de tristeza,
Num segundo
eu viro a mesa
posso até recomeçar.
Não faço caso
de viver contra a corrente,
tenho força suficiente,
tenho Deus pra me ajudar.
Eu vivo a vida
muito além dos desenganos.
Não coloco nos meus planos
guerra, ódio, preconceito.
A vida corre rapidinho,
ligeireza,
perder tempo com tristeza
não me traz
nenhum proveito.
É necessário
ver o lado bom da vida
e vivê-la colorida,
falta cor, a gente faz.
Pois nesse trem da esperança
eu sou foguista.
Se é preciso ser artista
nesse ofício
eu sou capaz.
E boto lenha na fornalha
e toco em frente,
Deus ajuda quem trabalha
ele bota fé da gente.
Vez em quando a gente falha
e o trem pára de repente.
E a esperança vai embora,
E a agonia toma conta,
justamente nessa hora
que a miséria sempre apronta.
Eu aí respiro fundo,
faço espadas dos espinhos,
Saio à cata pelo mundo,
junto os cacos do caminho
e em questão de
alguns segundos
o trem sai devagarinho.
Vai com certa displicência,
natural dificuldade,
mas no entanto a experiência
faz gerar velocidade:
estação de Paciência
logo após Felicidade!
Alegria é uma parada
tão bonita de viver.
Mas a vida é uma jornada,
se a tristeza acontecer
vou passar em disparada
quase não vou perceber
passa o campo todo em trigo,
passa flor, passa canhão,
passa o campo do inimigo,
é um perigo essa estação.
Necessário faz-se o abrigo
pra morada do perdão.
Passa o rio, passa a ponte
passa o tédio, passa a dor.
Passa o tempo, passa o monte.
Maquinista, meu senhor,
se passares pela fonte
pare um pouco por favor!
Só não pares na amargura
nem na dor, desesperada.
A viagem é uma doçura,
vai de sonhos carregada.
Gaste o tempo na Ternura
que é a estação mais cobiçada.
Se passares por carinho
passe bem devagarinho
pare um pouco se puderes,
no faz de conta, o sinal
deu defeito, ficou mal
a desculpa que quiseres.
Na estação da liberdade,
Maquinista, maquinista,
por favor fique à vontade,
Liberdade é uma conquista.
Deu vontade de parar,
deu vontade de correr.
Tenho tempo pra chegar
tenho pressa de viver
quero ter o que contar
quando a vida anoitecer.
Sou assim!
E o trem avança
e carrega uma criança
que não cansa de sonhar.
Quando a vida é um desatino
recupero o “eu” menino
que aprendeu modificar.
E o trem segue em disparada
mágoa, dor, amor, perdão
ôôô viagem complicada
pra chegar à Perfeição.
Mas a garra se faz viva
braços, pernas e emoção
lá vou eu, locomotiva
rebocando os meus vagões.
Se uns vagões carregados
das agruras que vivi,
muitos vão super-lotados
das razões por que sorri
e o trem vai desenfreado
serelepe, acelerado
Piuí, piuí, piuí.