quarta-feira, 3 de março de 2021

Que eu leve amor

 



Se onde há ódio, Senhor,

Que eu leve amor,

Que eu leve na bagagem

Muito amor por onde eu for.

Um amor descomplicado

Sem senões, sem preconceito.

Um amor ainda imperfeito

Burilando no caminho,

Mas amor que eu sozinho

Necessito burilar.

Se onde há ódio, Senhor,

Que eu leve amor,

Onde há espinho, senhor,

Que eu levo a flor,

Mas a flor que eu for levar

É preciso ser colhida,

Necessário que essas mãos

Sejam muito merecidas

De colher para ofertar.

Onde haja ódio, Senhor,

Que eu leve amor,

Mas que eu tenha a noção

Que na vida a gente cresce,

Em amor se reconhece

A grandeza do perdão

E perdoa por amor

A ofensa e a ingratidão.

Onde há ódio, Senhor,

Que eu leve o encanto,

Mas que eu possa me encantar

E poder secar o pranto

De quem chora tanto, tanto,

Sem saber recomeçar.

Onde há ódio, Senhor,

Que eu leve amor,

que eu tenha um argumento

Bem guardado, cá no fundo,

E que eu sirva de instrumento

E falar com sentimento

Da doçura desse mundo.

Onde há ódio, Senhor,

Que eu esteja preparado

E levar do meu amor

E falar do teu legado

Nas andanças onde eu for.

Aí sim, onde houver ódio,

Que eu possa levar amor.