terça-feira, 21 de abril de 2015

ÁRVORE

 

 

Com forças gigantes
rasguei essa terra
e sorri para o sol.
Que festa de escol!
Que mundo contente!
Eu não sei, francamente
porque tanta festa em
em todo o arrebol.
Com o tempo eu crescia
e trazia um segredo:
Eu seria gigante,
mais tarde ou mais cedo.
Eu esticava os meus braços,
e mais esticava.
E mais eu crescia,
e mais eu sonhava
espalhar meus galhos
lá em cima,
e estrelas buscava.
Pro mundo pensar
que as estrelas do céu,
eram flores que eu dava.
Um dia no entanto,
o meu sonho acabou;
o machado de um homem
no chão me jogou.
Mais tarde vivi
num salão requintado,
de tapetes e lustres;
onde as excelências
rodeavam-se a mim
pra fazer conferências.
Eu era mesa importante
de um salão elegante.
O tempo passou,
fui ficando esquecida.
Fui substituída;
nem salão requintado,
nem céu pra buscar.
Fui fogueira depois,
e o fogo que ardia
em meu corpo subia;
e tão forte subia,
como se pretendesse
pro céu me levar.
Acabou-se a fogueira.
Sou cinzas, mais nada.
Sou resto de pó
numa noite estrelada.

E eu quisera
buscar as estrelas,
e o céu todo buscar;
agora afinal,
vou subir,
vou voar,
vou fugir do revés.
Um menino que ainda
não sabe de estrelas,
me espalhou com os pés.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Limite




E agora seu moço
que você já chegou
lá no fundo do poço
no finzinho da estrada?
Mas que fundo que nada:
o fundo é mais fundo,
a dor é mais forte.
Tem gosto, tem cheiro
tempero da morte.
Você pensa que é o fundo,
e ainda que fosse...
Faz de conta
que tudo na vida acabou-se
não há sol, não há céu,
não há mais horizonte.
Não há brilho nos olhos
nem água na fonte
nada mais pra buscar,
nada mais pra cair.
E daí? E daí?
Serve o fundo de base
pra gente subir.
Serve o fundo de apoio
e o impulso há de vir;
vez em quando é preciso
de um tombo lição.
Serve o fundo de estágio
para reflexão.
Você vai cabisbaixo
distante, sem fala.
Você vai se arrastando
no bloco da vida.

Convida a alegria
pra dar uma pala,
convida a esperança
para vir colorida,
dispensa essa angústia
demais caprichosa,
e diz ao otimismo
para vir, sem cuidado.
Convida a ternura
para um dedo de prosa
e avisa a tristeza
“ingresso esgotado!”
Mas levanta esse astral.
Quando a vida da gente
se torna indecisa
é que a gente precisa
fazer carnaval.
E lutar, e vencer,
e provar
que é gigante.
Se é preciso crescer,
que se cresça o bastante
pra trazer as estrelas
na palma da mão,
a cabeça no céu
e os pés firmes no chão.
É possível, seu moço,
basta revolução.
Se já deu pra saber
tua estrela caída,
a receita pra vida
é determinação.