Eu não preciso
de um motivo
especial
para brindar,
eu brindo à
vida!
Uma rosa,
uma roupa
colorida
e o sal...
E as notícias
fresquinhas
no jornal
na manhã que mal
começa.
E a pressa
dos que anseiam
conquistar.
E um pedaço de
pão,
uma canção,
sucesso em quase
todas
as paradas.
Uma estrela
diante dos meus
olhos
brilhando.
E a madrugada
rolando,
e o sol
madrugando
nos telhados,
nas praças,
nas entranhas,
nas estranhas
vielas,
nos becos, nas
janelas,
nos palácios de
cristal.
E o cal
Pintado à beira
dos caminhos.
E os vinhos
com que brindo à
própria vida.
E o riso e a
alegria.
A incontida
energia
que gira os motores,
que gela, que aquece,
que engrandece,
que estremece de
sons
a casa cheia.
O sangue em cada
veia
que bombeia a
esperança,
o sorriso de
criança.
O dia lindo.
Eu brindo,
o beijo enfim
dos namorados
Eu brindo,
o par que vai
de braços dados.
Eu brindo o mar calmo
vez em quando
feito a vida
e as ondas
vez em quando
feito a vida
bravejando.
Os frutos
madurando
nos quintais.
Eu brindo
o leite fresco
nos currais.
Eu brindo
essa esperança germinando
nos olhos que
ainda há pouco
soluçaram.
Eu brindo essa saudade
ruminando
nos peitos que
ainda há pouco
se entregaram.
Eu brindo o
sabonete
e a água fria
que lavam meu
rosto
a cada dia.
Eu brindo
esta camisa que
me veste.
Eu brindo o
cafezinho.
Eu brindo estes
sapatos
que me calçam
defendendo meus
pés
pelos caminhos.
Eu brindo a dor
que me burila,
que me lapida
e torna-me
humano.
Eu brindo o
desengano
que ensina-me a
ser mais
de pés no chão.
Eu brindo o
inverno,
a primavera, o
verão
pois há sempre
uma razão
para brindar.
Eu brindo
o abraço de um
amigo
pois não há
coisa melhor
que o peito
que se toma por
abrigo
pra se dar.
Eu brindo a chuva
que lava a minha
cara.
Eu brindo a lua
que à noite se
escancara
de luar.
Eu brindo o
telefone
me buscando,
e a juventude
que encara as
problemáticas
cantando.
Eu brindo o
tamborim
e a geografia,
e o giz,
eu brindo o dia
assim que ele
começa.
Pois eu sei que
é uma promessa
de festança.
Eu brindo essa
esperança
no meu peito.
Eu brindo esse
direito
de pensar.
Eu brindo esse
pensar
de qualquer jeito.
Eu brindo!
Eu brindo as
mãos que dão,
as mãos que
ajudam.
Eu brindo as
mãos
que mudam,
que constroem.
Eu brindo as
mãos que moem,
que edificam.
Eu brindo as que
suplicam
e as que ficam
sem cessar,
estendidas,
incabidas
de razões para brindar.
João Prado