Ah! O que ouço? São os canhões
novamente!
Será que não param? Será que essa
gente
Não tem piedade de matar
inocentes
Chamando inimigo a quem jamais
lhes fez mal?
São eles que voltam e os tiros
revoltam
E através da vidraça eu olho a
desgraça
Da guerra que encerra a paz
afinal.
São corpos tombados, são corpos
sem vida,
É a gente que morre, é a gente
esquecida,
É a gente que esquece de Deus
pelas terras,
É a gente, é a guerra, é a
guerra, é a guerra.
Quantas vidas se esvão numa
batalha,
A própria terra se estremece, se
esfrangalha
Ao deixar por tanto sangue se
manchar.
São soldados que na ânsia da
vitória,
Enlevados pela conquista de uma
glória,
Abandonaram tudo, a família, o
próprio lar.
Mas a guerra é pra forte, é pra
homem, é pra gente.
A guerra é bravura de gente
valente.
A guerra é sublime, a guerra é
bonita,
A guerra é terror, a guerra é
maldita,
Aniquila, orfandeia, mutila,
assassina.
Mas a guerra dá nome, eu também
quero ir
Que me importa que eu morra, que
eu perca um braço?
É mais vergonhoso aceitar o
fracasso
Que ficar na lembrança de alguém
como herói.
João Prado
Do livro Castelo de Ilusões