segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

A guerra e o louco



Ah! O que ouço? São os canhões novamente!
Será que não param? Será que essa gente
Não tem piedade de matar inocentes
Chamando inimigo a quem jamais lhes fez mal?
São eles que voltam e os tiros revoltam
E através da vidraça eu olho a desgraça
Da guerra que encerra a paz afinal.
São corpos tombados, são corpos sem vida,
É a gente que morre, é a gente esquecida,
É a gente que esquece de Deus pelas terras,
É a gente, é a guerra, é a guerra, é a guerra.
Quantas vidas se esvão numa batalha,
A própria terra se estremece, se esfrangalha
Ao deixar por tanto sangue se manchar.
São soldados que na ânsia da vitória,
Enlevados pela conquista de uma glória,
Abandonaram tudo, a família, o próprio lar.
Mas a guerra é pra forte, é pra homem, é pra gente.
A guerra é bravura de gente valente.
A guerra é sublime, a guerra é bonita,
A guerra é terror, a guerra é maldita,
Aniquila, orfandeia, mutila, assassina.
Mas a guerra dá nome, eu também quero ir
Que me importa que eu morra, que eu perca um braço?
É mais vergonhoso aceitar o fracasso
Que ficar na lembrança de alguém como herói.
João Prado
Do livro Castelo de Ilusões