Não,
não me convide,
Pois
não posso.
Domingo
Eu
vou cuidar
Dos
passarinhos,
Rever
as rosas,
Beber
meus vinhos,
Ler
o jornal
Notícia
por notícia,
Cantinho
por cantinho,
Sem
pressa, sem afobação.
Vou
me espreguiçar
Por
meia hora,
Vou
me debruçar
Por
um bom tempo
No
portão.
Bom
dia, Dona Maria,
Melhorou
da rouquidão?
Seu
Nestor, deixa o cigarro,
Não
faz bem pro coração.
Seu
Roberto,
O
chá deu certo.
Os
meus respeitos,
Seu
João.
Se
alguém estiver sem pressa,
Quem
sabe um dedo de prosa?
Conversa
puxa conversa
E
a vida flui vagarosa,
Sem
me dar tempo pra nada.
Sem
falar de uma soneca
Logo
após a refeição.
Como
vê, vida apertada,
Fui
escravo do relógio,
Chefe,
ponto, reunião,
Mas
agora eu me permito
Nessa
vida preguiçosa
E
no meio desse agito
Descobrir
em cada rosa
O
perfume e a diferença.
Por
enquanto, posso não,
Pode
ser que em outro tempo
Lá
por outra ocasião,
Mas,
agora, com licença,
Vou
cuidar dos passarinhos
Rever
as rosas, beber meus vinhos,
Ler o jornal...